ABSTRACT
Diversos são os impactos das lógicas neoliberais através de modelos de desenvolvimento urbano como o Planejamento Estratégico, ou mesmo fenômenos claramente mais injustos como a gentrificação. Os casos internacionais paradigmáticos de Baltimore, Barcelona ou Nova Iorque não conseguem mais explicar adequadamente os casos das cidades brasileiras e latino-americanas, sobretudo por serem realidades cuja malha urbana e estrutura social coexistem e colidem intrinsecamente em suas dimensões formais (bairros regularizados, áreas nobres e empregos estáveis) e informais (favelas, ocupações precárias nos centros tradicionais degradados, trabalhos informais, típicos ou de ambulantes), circunstância bastante distintas dos países ricos “centrais”. Apenas refletindo sobre nossos casos específicos será possível detectar as congruências e incongruências dos modelos importados de planejamento urbano a que estão submetidas nossas cidades e nossos próprios sistemas de crítica e teorização, e assim avançar em soluções mais inclusivas. É por esse caminho que propomos a discussão do caso da cidade de Salvador antes, durante e após a execução da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, uma vez que a primeira capital do Brasil apresentou resultados inesperados, mesmo quanto às desapropriações e à especulação imobiliária, oferecendo uma nova oportunidade para discutir o Centro Antigo de Salvador diante da validade ou não de um processo de gentrificação.