OS LIMITES DA GENTRIFICAÇÃO NA VILA PLANALTO

ABSTRACT

A gentrificação na cidade contemporânea da América Latina é um processo de transformação urbana que provoca o deslocamento da população mais pobre. Diversos autores ressaltam a importância das políticas públicas na transformação dos bairros patrimoniais em lugares de consumo e especulação imobiliária, o que geraria segregação e a expulsão dos moradores de mais baixa renda.

Para entender os fatores e as reações produzidas nesse processo, estuda-se o caso da Vila Planalto em Brasília. O bairro, localizado a menos de três quilômetros do centro administrativo da capital federal do Brasil, foi o primeiro acampamento de obras instalado para abrigar os trabalhadores que participaram da construção de Brasília. Em 1988 foi tombado como patrimônio histórico do Distrito Federal, e desde então está em constante transformação e valorização imobiliária.

Os objetivos da pesquisa apontam para a compreensão das causas que influenciaram as transformações urbanas do bairro. Procura-se compreender as causas geradoras do deslocamento social e os potenciais limites que a sociedade cria para resistir às pressões do mercado. Propõe-se como hipótese que as políticas públicas implementadas no local são determinantes nas mudanças físicas e sociais, porém, as transformações introduzidas pelos próprios moradores têm criado limites ao processo de gentrificação.

O caso de estudo é analisado sob três aspectos: Socioeconômicos, Configuracionais e Modo de vida; e com base em três teorias: Gentrificação, Sintaxe Espacial e Ecologia Humana. O trabalho analisou empiricamente o caso de estudo, utilizando o método hipotético-dedutivo e a observação participante. A metodologia aplicou um desenho misto, que complementou técnicas quantitativas e qualitativas no levantamento de dados.

Com a análise foi possível reconhecer como as políticas públicas implementadas no local são determinantes no períodos históricos identificados e se relacionam com as etapas descritas na literatura sobre gentrificação simbólica, que acontece em outros casos na América Latina que envolvem o patrimônio cultural, turismo e comércio. Na Vila Planalto o deslocamento dos moradores originais e de menor renda tem sido gradual e silencioso, no existem grandes investimento de capitais financeiros, ao contrário, são pequenos empreendedores, residentes colonizadores, capitalizando suas aposentadorias e transformando-se em rentistas.

Observou-se que a aparente diversidade esconde uma polarizada estratificação social: barracos ao lado de mansões representam duas classes segregadas que, apesar da proximidade, não se relacionam. A popularização e a gentrificação são vizinhas e disputam o capital espacial da Vila Planalto.

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