VISUAL INTERVENTIONS IN PUBLIC SPACE – THE CITY AS ITS INHABITANTS’ OUEVRE PIXAÇÃO, SEGREGATION AND REAPPROPRIATION OF URBAN SPACE IN SÃO PAULO

ABSTRACT

Políticas destinadas a consolidar o estado de centro de controle da economia global de São Paulo, empenham-se em limpar os bairros centrais, representativos de todos os elementos que não correspondem à imagem, assim aprofundando as desigualdades e exclusões múltiplas que marcam a vida na metrópole. O espaço urbano é vivido como espaço de constrangimentos, interditos, regras e normas. A própria metrópole, apesar de ser um produto social, aparece como potência estranha, aparentemente fora do alcance da intervenção criativa por parte dos indivíduos habitando nela.

Neste contexto desenvolve-se a pixação, um estilo típico de intervenção visual nas paredes das grandes cidades brasileiras, originalmente praticada por jovens em São Paulo na década de 1980. Desde então pixadores espalham suas escritas estilizadas em qualquer tipo de suporte urbano, desde a periferia mais afastada até o topo dos arranhacéu do centro. Em São Paulo, pixadores de todas as áreas da cidade – jovens e maduros, mulheres e homens, provenientes das classes médias ou marginais – se encontram semanalmente em vários “points”, no centro e nos bairros. Assim criam uma rede de comunicação, colaboração e amizade, que supera múltiplos confines físicos e sociais. De outro modo, na mídia, bem como no discurso político e jurídico a pichação (aqui geralmente escrito com “ch”) é discutido como vandalismo, como uma “praga urbana” e um dos problemas mais urgentes a serem combatidos em São Paulo.

As assinaturas, distribuídos pelas fachadas da cidade geralmente não contêm conteúdo político explícito, senão os nomes estilizados de grupos e indivíduos. Nesse sentido, propomos de discutir a pixação como uma prática cotidiana resistente no contexto da segregação socioespacial e do policiamento repressivo do espaço público na época neoliberal. Assim, a partir do caso da pixação paulistana, discutiremos os potenciais emancipatórios das intervenções visuais no espaço público. As redes de sociabilidade no âmbito da pixação (parcialmente) superam a segregação generalizada. E mesmo para os sujeitos mais marginalizados as práticas de apropriação discutidas podem ser a possiblidade de reestabelecer a própria condição de criador(a) do próprio ambiente cotidiano, constitutiva do humano.

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